28 de outubro de 2010

Artigo "Um recém-nascido em casa"

Na maternidade parece que estamos a viver um sonho. Um misto de cansaço e excitação. Visitas. Barulho. Conversa inacabadas. Gente à nossa volta. E o bebé quase sempre quieto e calado. Um anjinho, pensamos. Depois, chega-se a casa e é o choque. Admiramos as paredes como se fossem novas. Sentimos no ar algo de diferente. Reparamos no silêncio. Primeiro pensamento: que faço ao bebé? Se ele estiver a dormir o melhor é não fazer nada a não ser descansar. E, a partir de agora, a regra deverá ser esta: quando o bebé dorme, a mãe também dorme. Parece fácil de fazer, mas não é.
Nos primeiros dias, sob o efeito da adrenalina produzida no parto, achamos que somos super-mulheres e queremos fazer tudo. Depois, as pilhas parece que vão fraquejando e as forças desaparecem para parte incerta. A sério: todos os momentos são bons para deitar na cama ou sentar no sofá. A lida de casa que espere. As visitas que esperem (a não ser que se ofereçam para fazer o jantar). Toda a ajuda é bem-vinda. O melhor é assegurar-se durante a gravidez com quem poderá contar quando se sentir estafada, sozinha e incapaz. Procure entre a família, amigas, enfermeiras do centro-de-saúde, redes de apoio à maternidade. Nem que seja só para desabafar. Não demorará muito, o bebé desatará a chorar e a exigir. Porque tem fome, chichi, cocó, frio, calor, ou por outra razão que nem a mãe nem o pai descobrirão. Depressa somos engolidas por um novo ritmo. Mama. Arroto. Fralda. Colo. Embalo. Mais embalo. Pô-lo no berço. Vamos à casa-de-banho, bebemos um copo de água, aproveitamos para despachar mais qualquer coisa e aí está de novo o bebé a reclamar. A primeira noite (e todas as outras) é passada com um olho aberto e outro fechado. Será que ele está bem? Será que tem frio? Será que respira? No outro dia de manhã, continuamos incrédulas com a maravilha que é aquele pequeno ser que acabámos de pôr no mundo. E ainda custa a acreditar que tudo não passa de um sonho.
In www.paisefilhos.pt
Acredito plenamente que seja tudo isto, no entanto, não deixo de acreditar que é maravilhoso.

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